aqui na lua
Madalena
Madalena, o meu peito percebeu que o mar é uma gota
comparado ao pranto meu
Fique certa, quando o nosso amor desperta logo o sol se desespera
e se esconde lá na serra
Madalena, o que é meu não se divide
Nem tão pouco se admite
Quem do nosso amor duvide
Até a lua se arrisca num palpite
Que o nosso amor existe
forte ou fraco alegre ou triste
Ivan Lins / Ronaldo Monteiro de Souza
... e um
Cá está... pesa tão pouco o 1!
Afinal custa muito menos que o redondo 30. 30 é fim. 31 é início. A nova década começa na realidade agora. Sinto-me a estrear.
28 de Maio de 2006 com a trigésima primeira primavera da minha vida.
Alexandre ValentimMarço de 2006
Gaivota
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.
Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.
Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.
Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.
Poema de Alexandre O'Neill
(cantado por Amália Rodrigues)
Regresso fugaz a um passado distante...
Na sexta-feira "fui sair".... como se "sair à noite" fosse exclusiva proprietária do conceito de "sair" e "sair durante o dia" não merecesse tal generalização ou estatuto. Saí em grande! Com jantar internacional numa tasca fina bem regado a alentejano tinto. Os pratos chegavam cheios à mesa e, bem divididos, tinham uma duração como tal bastante reduzida. Entravam e saiam, entravam e saiam e tudo aquilo mais parecia um banquete para acamar o alcool que uma refeição consciente e bem doseada... E depois, tal era a euforia e desinibição de gastar da carteira de outros que ao balcão tudo continuou, já com tequila não disfarçada a escorregar que nem ginjas (para mim talvez melhor, que a ginja descamba em ataques de figadeira que o meu corpinho não tolera).
E sim... o Lux... e os amigos que não se encontram há dezenas de anos e que já têm famílias dispersas por Lisboa e arredores... e os antigos amantes que agora saem agarrados a alguém com quem não nos identificamos... e os amigos de trabalho... e as curtas finalmente paridas... e o reconhecimento sentido... e as lágrimas... ai as lágrimas... que caiem emocionadas e bêbadas... e o riso transparente... e o universo que acaba onde o nosso acaba... e as palavras que disparam loucas da nossa boca... e as conversas no passeio com os pés semi-nús no alcatrão...
Acabo em casa com um DVD na mala e o orgulho de ver o meu nome na capa. No dia seguinte, ou duas horas depois de ter adormecido, um telefonema urgente faz-me sair aos trambolhões de casa. Regresso uma hora depois. Entro na sala e os amigos ressonam e sonham a bebedeira... Porque é que aquela gente foi parar ali? Porra... já não tenho idade para esta merda e bazem todos que eu preciso de sair... e sairam eles... com taxi à porta chamado por mim e com os olhos incrédulos de quem não acredita que o sono foi assaltado. Eu fiquei...
Finalmente dormi... dormi...dormi... aconchegada no meu amor que entretanto chegou e que me tolera esta merda e embala e vela o sono com a consciência de que fiz uma viagem ao meu passado e que os excessos agora já não me vão atormentar a alma e que a vergonha não me tira o sono nem a vontade. A bebedeira agora liberta e as palavras e as emoções não são resultado do alcool mas da vida... O alcool apenas intensifica e fustiga.
E foi só hoje. Amanhã tudo normal outra vez!