aqui na lua
domingo, fevereiro 27, 2005
  Domingo
O problema destes blogs (e por isso tenho retiradas estratégicas de vários meses) é que, embora o assunto não se esgote, a partir de uma determinada altura começam a ser verdadeiramente enfadonhos. A nossa vida não é um filme americano onde em cada minuto cabem imensos acontecimentos que, por muito absurdos que sejam, transbordam interesse mediático. 3 dias são 3 dias e não há como escapar à redundância, causada pela rotina, das minhas reflexões. Isto porque o Aqui na Lua espelha muito da realidade de quem o escreve (embora algumas partes do que é escrito sejam ficção) ou seja, eu.
Claro que posso, e já o fiz, inventar posts para marcar a assiduidade, mas não era esse o propósito inicial. O objectivo era fazer um relato mais ou menos inspirado de uma vida pouco comum e, dessa forma, contribuir para a normalização de aspectos originais mas injustamente descriminados resultantes da realidade actual. Não para lhe atribuir uma demais importância, mas porque seria um relato sentido e vivido na primeira pessoa (não obstante a parcialidade subjacente) logo, (pelo menos em alguns aspectos) realista.
Mas lá está... nem sempre apetece ou faz sentido.
 
segunda-feira, fevereiro 21, 2005
  Caminhando...


Há imagens que falam por si. Há outras que deviam ter legenda.
E há aquelas que se podem interpretar de tantas maneiras que o melhor é deixar ao critério de cada um...

Esta é uma foto de Erik Reis e chama-se "Pela estrada fora".

Que estrada?
Quem a percorre?
Porquê?
Para Onde?

Será realmente importante? Parece apenas um gigante errante caminhando na aridez de uma montanha...
 
  Reflexão pós-eleitoral
As farófias quentes fazem mal à barriga.
Não sei como não apanhei uma indigestão...
 
sábado, fevereiro 19, 2005
  Reflexão pré-eleitoral



Adoro farófias.
Mesmo assim, quentes.
Ao som do Agnus Deis do Requiem de Mozart dirigido por John Eliot Gardiner.
A ler o Expresso sentindo o Sol que se põe nas minhas costas, atrás da Biblioteca Nacional.
 
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
  Por falar em longos dias...
... longos me parecem estes que passam...

A ternura das crianças, presente no meu quotidiano... Um olhar, um gesto, um murmúrio, um suspiro, uma gargalhada... não há medos, inseguranças, restrições, morais ou preconceitos que aprisionem a inocência e algemem a ternura destes pequenos seres que povoam os meus dias, as minhas noites, a minha casa, a minha cabeça e o meu coração.

Não fossem elas e os dias seriam curtos, tão curtos que provavelmente só daria por eles quando deixassem de existir. E aí seria tarde de mais porque se os dias deixassem de existir eu deixaria de poder senti-los a passar ou a não passar.
Curtos por não terem sentido, porque o sentido que lhes encontro está em associá-los à Natureza e ao tempo que nela se concretiza. Os meus filhos ligam-me a esse tempo e esse tempo está para lá do meu quotidiano citadino onde tudo perde existência e passa a não ser.
Como em koyaanisqatsi. Como eu sempre temi. Como, infelizmente e à semelhança de tantos como eu, também tive medo de evitar.

Hoje revi koyaanisqatsi... e, como sempre acontece quando vejo algo realmente bem feito, emocionei-me. Pelo retrato violento das nossas vidas. Pelo vazio angustiante que identifico a cada sequência. Porque afinal não ía ser diferente aqui.
Ver este filme agora, no quadro em que vivemos é, no mínimo, perturbador.

Se o facto de um partido ou outro ganhar não influenciasse em nada as nossas vidas, e se as nossas vidas não fossem realmente tudo o que resta no final, poderíamos colocar-nos num plano mais abrangente, redimencionar as distâncias que nos separam das coisas, pensar nisto como um (apenas) micro-segundo e ressubstanciar toda a sua, já pouca, importância. É um exercício inevitável quando se assiste a koyaanisqatsi, e mesmo nas horas que se lhe seguem.

E foi neste exercício que tropecei naquele que passou já há uns anos a ser o grande sentido da minha vida e a força que me faz avançar sem medos nesta escuridão onde a maior parte dos monstros continuam tão difíceis de verbalizar como os dos seus pesadelos de criança. É pelos meus filhos que sufoco o medo para não o transmitir, que sacudo o arrepio que teima em persistir e que olho para o infinito ansiosa pelo que ainda não consegui alcançar.

É terrível a responsabilidade de trazer outros seres ao mundo e é pesado o fardo que carregamos para os aliviar.

Desta perspectiva, que alento nos leva à urnas no Domingo? Que discurso mais emocionado ou demagógico nos irá convencer?
Tudo é verdadeiramente absurdo. Mas quando Tudo passar para nós e estiver para os que virão ainda seremos lembrados nas consequências dos nossos actos. Assim, apenas estes motivos me chamam às urnas no Domingo: a crença inexplicável de que se não fizer nada desresponsabilizei-me pelo futuro dos meus filhos e a alternativa impraticável que é fugir para onde não nos encontrem e fingir que o nosso mundo ainda é outro.

Dizer que ninguém espelha as minhas convicções, ou luta por um futuro global melhor, não é uma atitude reconhecida no sufrágio. Infelizmente. Porque, como eu, muita gente não fica representada nestas eleições.

Até breve
 
Cronicas de uma nova colonia. Comentarios: aquinalua@gmail.com

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