aqui na lua
domingo, dezembro 31, 2006
  Censuras....
Não encontrei nenhuma versão em vídeo não censurada desta canção por isso aqui fica a letra para lhe fazer justiça.

Cálice

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga?
Tragar a dor engolir a labuta?
Mesma calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira tanta força bruta

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo disel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

Composição: Chico Buarque/Gilberto Gil
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Chico Buarque e Gilberto Gil - Cálice (censurado)

"A música Cálice foi considerada subversiva pelos orgãos da ditadura militar, por isso mesmo sendo cantada com a letra modificada, o microfone do Chico Buarque foi desligado."

Vou colocar também a versão não censurada assim que a conseguir encontrar online.

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Bob Marley - Redemption Song

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

N'Kosi Sikeleli Africa - With Miriam Makeba

 
sábado, dezembro 30, 2006
  à laia de justificação...
...bom...
Não consigo explicar bem a relação das últimas 3 entradas... uma coisa levou à outra exactamente pela ordem em que aparecem: comecei pelo George Brassens, segui para o Tom Waits e acabei em The Pogues.
Todos me lembram bebedeiras a cantar em coro pela rua de braço dado com um amigo que já não vejo há muitos anos.
Suponho que os amigos podem não ser eternos, mas as recordações têm sempre banda-sonora.
Coisas eternas ou as recordações Tinto & Whiskey.
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

The Pogues - Dirty Old Town

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Tom Waits - Smuggler's Waltz / Bronx Lullabye

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Misogynie a part par Georges Brassens
Misogynie à part, le sage avait raison
Il y a les emmerdant's, on en trouve à foison
En foule elles se pressent
Il y a les emmerdeus's, un peu plus raffinées
Et puis, très nettement au-dessus du panier
Y a les emmerderesses
(...)

 
sexta-feira, dezembro 29, 2006
  algumas coisas eternas
Depois destas últimas entradas no Aquinalua parece-me importante esclarecer que as "algumas" coisas eternas que seleccionei são muito pessoais e têm um significado e uma importância relativos às minhas experiências em determinada altura da minha vida. São eternas pela forma como inavadiram o meu universo e como lá permaneceram. Há muitas mais que dividem protagonismo mas, por não se encontrarem disponíveis na internet e por eu não as conseguir publicar, ficarão no universo não virtual por mais algum tempo. Quando tiver tempo para me dedicar a digitalizá-las e colocá-las online poderei partilhá-las com quem as quiser ver.
Até lá aqui fica uma pequena selecção de grandes inspirações.
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Manu Katche solo with Jan garbarek group.

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Anoushka Shankar - Concert for George (2003)

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas

Silence - Jan Garbarek,Egberto Gismonti,Charlie Haden

 
quinta-feira, dezembro 28, 2006
  claro...

 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Esta é especial. Não há muitas pessoas que a lembrem com tanto carinho como ao Conan ou o Marco, mas ainda hoje recordo os Olmeques, o Condor, o Esteban, o Tao e a Zia e as suas aventuras que me povoaram os sonhos durante tanto tempo.

Les mysterieuses citees d'or - Generique debut



Le 16eme siècle.
Des quatre coins de l'Europe, de gigantesques voiliers partent a la conquête du Nouveau Monde. A bord de ces navires des hommes avides de rêves, d'aventure et d'espace, a la recherche de fortune.
Qui n'a jamais rêvé de ces mondes souterrains, de ces mers lointaines peuplées de légendes ou d'une richesse soudaine qui se conquerrait au détour d'un chemin de la Cordillère des Andes ?
Qui n'a jamais souhaite voir le soleil souverain guider ses pas, au cœur du pays Inca, vers la richesse et l'histoire des Mystérieuses Cites d'Or!

Enfant du soleil
Tu parcours la terre le ciel
Cherche ton chemin
C'est ta vie, c'est ton destin

Et le jour, la nuit
Avec tes deux meilleurs amis
A bord du Grand Condor
Tu recherches les Cites d'Or

ah ah ah ah ah
Esteban, Zia, Tao les Cites d'Or
aaaah ah ah ah ah
Esteban, Zia, Tao les Cites d'Or

Tou-dou dou-dou dou
Ah ah ah
Tou-dou dou-dou dou
les Cites d'Or

Enfant du soleil
Ton destin est sans pareil
L'aventure t'appelle
N'attends pas et cours vers elle ...

aaaah ah ah ah ah
Esteban, Zia, Tao les Cites d'Or
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Tom Sawyer



Vês passar o barco
rumando p’ró o sul
Brincando na proa
gostavas de estar

Voa lá no alto
por cima de ti
um grande falcão
és o rei és feliz

E quando tu
vês o Mississipi
tu saltas pela ponte
e voas com a mente

Nuvens de tormentas
Estão sobre ti
Corre agora corre
e te esconderás
entre aquelas plantas
ou te molharás

E sonharás
que és um pirata
tu... sobre uma fragata
tu... sempre à frente de um bom grupo
de raparigas e rapazes

Tu andas sempre descalço, Tom Sawyer
junto ao rio a passear, Tom Sawyer
mil amigos deixarás, aqui e além
descobrir o mundo, viver aventuras (bis)
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
A minha filha lembrou-me desta música e achei justo incluí-la junto com outras que, para mim, são eternas. Afinal é das "minhas coisas eternas" que isto trata. Não faço a mais pequena ideia de quais são as verdadeiras coisas eternas para o resto da humanidade.


It's Supercalifragilisticexpialidocious !!!!!!!!


Mary Poppins:
Um diddle diddle diddle um diddle ay
Um diddle diddle diddle um diddle ay

It's...
Supercalifragilisticexpialidocious!
Even though the sound of it
Is something quite atrocious
If you say it loud enough
You'll always sound precocious

All:
Supercalifragilisticexpialidocious!
Um diddle diddle diddle um diddle ay
Um diddle diddle diddle um diddle ay!

Bert:
Because I was afraid to speak
When I was just a lad
My father gave me nose a tweak
And told me I was bad
But then one day I learned a word
That saved me achin' nose

Bert, Mary Poppins and Chorus:
The biggest word I ever heard
And this is how it goes: Oh!

Supercalifragilisticexpialidocious!
Even though the sound of it
Is something quite atrocious
If you say it loud enough
You'll always sound precocious
Supercalifragilisticexpialidocious!
Um diddle diddle diddle um diddle ay
Um diddle diddle diddle um diddle ay!

Mary Poppins:
He traveled all around the world
And everywhere he went
He'd use his word and all would say"
There goes a clever gent"

Bert:
When Dukes and maharajas
Pass the time of day with me
I say me special word and then
They ask me out to tea

Bert, Mary Poppins and Chorus:
Oh..
Supercalifragilisticexpialidocious!
Even though the sound of it
Is something quite atrocious
If you say it loud enough
You'll always sound precocious
Supercalifragilisticexpialidocious!
Um diddle diddle diddle um diddle ay
Um diddle diddle diddle um diddle ay!

Mary Poppins:
So when the cat has got your tongue
There's no need for dismay
Just summon up this word
And then you've got a lot to say
But better use it carefully
Or it could change your life

The Perlie:
One night I said it to me girl
And now me girl's my wife!

Julie Andrews in "Mary Poppins"
 
quarta-feira, dezembro 27, 2006
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Rachmaninoff Piano Concerto No 2 part 1 - Arcadi Volodos

As restantes 3 partes estão disponíveis na YouTube se se fizer a pesquisa por:

Rachmaninoff Piano Concerto No 2 part 2 - Arcadi Volodos
Rachmaninoff Piano Concerto No 2 part 3 - Arcadi Volodos
Rachmaninoff Piano Concerto No 2 part 4 - Arcadi Volodos

Achei disparate colocá-las todas aqui porque o que vale mesmo a pena é ouvir o concerto todo sem interrupções. De qualquer maneira é imperdível ver Arcadi Volodos e a sua impressionante técnica.
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Leontyne Price/Fiorenza Cossotto: Verdi Requiem Agnus Dei.
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Sviatoslav Richter
 
  a propósito do referendo
e da propaganda católica que está espalhada pela cidade inteira relativamente ao assunto lembrei-me da posição da Igreja Católica relativamente à contracepção e, mais especificamente, ao uso do preservativo que deu origem ao famoso cartoon do António. Esta reflexão trouxe-me aqui:


Every Sperm Is Sacred


DAD:
There are Jews in the world.
There are Buddhists.
There are Hindus and Mormons, and then
There are those that follow Mohammed, but
I've never been one of them.

I'm a Roman Catholic,
And have been since before I was born,
And the one thing they say about Catholics is:
They'll take you as soon as you're warm.

You don't have to be a six-footer.
You don't have to have a great brain.
You don't have to have any clothes on. You're
A Catholic the moment Dad came,

Because

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

CHILDREN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

GIRL:
Let the heathen spill theirs
On the dusty ground.
God shall make them pay for
Each sperm that can't be found.

CHILDREN:
Every sperm is wanted.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

MUM:
Hindu, Taoist, Mormon,
Spill theirs just anywhere,
But God loves those who treat their
Semen with more care.

MEN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
WOMEN:
If a sperm is wasted,...
CHILDREN:
...God get quite irate.

PRIEST:
Every sperm is sacred.
BRIDE and GROOM:
Every sperm is good.
NANNIES:
Every sperm is needed...
CARDINALS:
...In your neighbourhood!

CHILDREN:
Every sperm is useful.
Every sperm is fine.
FUNERAL CORTEGE:
God needs everybody's.
MOURNER #1:
Mine!
MOURNER #2:
And mine!
CORPSE:
And mine!

NUN:
Let the Pagan spill theirs
O'er mountain, hill, and plain.
HOLY STATUES:
God shall strike them down for
Each sperm that's spilt in vain.

EVERYONE:
Every sperm is sacred.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite iraaaaaate!

Monty Python
in Meaning of Life
 
terça-feira, dezembro 26, 2006
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Jacques Brel - Amsterdam


Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le coeur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdarn
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles

Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
 
  contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas
Caetano Veloso - Cucurrucucu Paloma

"Este Caetano me ha puesto los pelos de punta"
 
  e agora, para inaugurar a contagem decrescente para 2007 ou coisas eternas...
Arlo Guthrie



 
  acabou


E afinal, este natal foi diferente dos outros. A família reduziu-se ao seu núcleo e os bons amigos apareceram. Não estavam a ler estúpidas mensagens que não enviei, nem estúpidos email que, felizmente, não enviei. Estavam aqui connosco. E nós estivemos tão bem que a preparação do natal passou-se na cozinha a fazer os doces que nos outros anos são de fabrico solitário e este ano foram um trabalho de equipa com muito boa disposição ao som do Pete Seeger e Arlo Guthrie.
Com os miúdos a dormir jogámos King até às tantas e celebrámos o facto de sermos diferentes e de isso nos permitir viver o natal onde, quando e como nós quisermos.
Também me rendi a uma evidência... há muita música e doçaria que não existiria se algumas pessoas não se tivessem dedicado a uma vida de clausura e sacrifícios em nome de uma religião. Este natal recheado de doces conventuais e também temperado com a Missa Pange Lingua do Josquin Desprez é uma experiência extraordinária. Obrigada.
 
segunda-feira, dezembro 25, 2006
 
Lasse Gjertsen er tilbake
 
sábado, dezembro 23, 2006
  ... kill bill ...
.
.




Bang Bang, I'll hit the ground.

... para manter a linha anti-natal ...
 
 
Bang Bang



I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Seasons came and changed the time
When I grew up I called him mine
He would always laugh and say
Remember when we used to play

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down

Music played and people sang
Just for me the church bells rang

Now he's gone I dont know why
Until this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down

Nancy Sinatra
 
  5º andar com vista para a cidade

Oficina da Terra

Aqui estou eu, em plena cidade de Lisboa num sítio previlegiado.
Esta casa, cheia de recordações, de livros, dos discos todos da banda-sonora da minha infância e adolescência e de sítios onde se consegue estar sozinha. Esta casa é a única que conheço onde, embora cheia, há sempre um refúgio, uma cadeira, um sofá com luz própria onde o resto do universo cabe todo em forma de imaginário e nos enche de nós a pensar e em silêncio.
É sempre bom chegar, deixar os miúdos procurar o seu lugar e encontrar um para mim. Hoje foi aqui, em frente ao portátil, numa mesa de xadrez junto à varanda de onde consigo ver o Campo Grande na escuridão e Biblioteca Nacional a espreitar por detrás da copa das grandes árvores. Se me chegar à varanda e olhar para baixo posso ficar horas a observar as luzes dos carros traçando os percursos de sempre e as ruas dividindo os faróis vermelhos em várias linhas.
Às vezes vem da cozinha o som de uma missa de Bach ao som da qual a minha mãe vai fazendo o jantar ou da sala o som das notícias intercalado com um disco antigo do Leonard Cohn ou do Carlos Paredes. Às vezes vem o som do meu pai a cantar em plenos pulmões por cima da Amália ou do Chico Buarque. Outras vezes o som dos miúdos a brincar ao faz de conta em castelos de colchões velhos onde se transformam em cavaleiros temíveis.
Gosto de estar aqui de vez quando. Claro que se vier todos os dias a nostalgia dá espaço às irritações e picardias próprias de uma família cheia de personalidades complexas onde a emoção está sempre à flor da pele e onde os pontos de vista são tantas vezes divergentes. Quantas vezes nos zangamos quase com juras de afastamento total e no dia seguinte, como se nada fosse dizemos ao telefone: "sabes quem me ligou?" e tudo volta à normalidade. De certeza que Freud ou algum psicoterapeuta manhoso encontram mil e uma explicações profundas para isto, mas não nos interessa. Mesmo assim, conseguimos falar e aprender uns com os outros e receber quem vem de fora com os braços abertos.
Agora vamos abrir uma garrafinha de tinto e fazer os sonhos que, contra tudo e contra todos (principalmente eu), a minha mãe decide fazer. Ainda bem. Se não fosse ela este Natal seria uma miséria porque eu estou numa de racionalização do conceito e sou contra.
 
quinta-feira, dezembro 21, 2006
  natal ou a conspiração mundial

Hoje estava ver na televisão com os miudos um episódio da Lilo & Stitch dedicado ao natal. Em pleno Havai (ou lá o que é...) terra do surf e do sol festajava-se o natal em grande. Com direito a Pai Natal, presentes, cânticos de Natal e todas as trapalhadas de uma tradição que já ninguém sabe onde começou e porque é que continua. A massificação desta conspiração é impressionante e se continuarmos pela tarde a dentro vai-nos sendo despejado em quantidades por vezes homeopáticas e por vezes com direito a overdose este espírito natalício que supostamente nos deveria encher de sentimentos bons em relação ao mundo e aos outros.
Felizmente a mim, mesmo as doses homeopáticas, já surtem o efeito de overdoses consecutivas e estou à beira de mandar tudo à merda e pôr um ponto final nesta palhaçada.
Se ainda hoje não se consegue provar que Jesus Cristo foi um homem e viveu mesmo quando se diz que viveu o mesmo não acontece com o Pai Natal e a porcaria do consumismo que lhe está associado. Esta insanidade colectiva deixa as pessoas contagiadas por algo que não tem forma nem tamanho nem princípio.
O pior são as tretas moralistas que os nossos filhos consomem sob o formato de histórias de Natal na sua maioria com um teor católico completamente formatado e manipulador.
Para uma ateia (sim, o agnosticismo é demasiado passivo para mim e encaixa bem em quem não gosta de pensar) é demasiado violento ver a forma como aquilo que foi inventado para atribuir poder e estupidificar o Homem continuar a ser encarado com fé e rendição e a associar-se a novas e requintadas formas de controlo de mentalidades.
Não há pessoas estupidamente boas. Não há solidariedade e dádiva em passar-se horas num centro comercial para comprar presentes à pressa. Menos ainda no mundo em que vivemos hoje. É só mais um reflexo de uma sociedade que vive virada para o seu umbigo e prazer imediato e que é completamente inconsequente no que diz respeito aos seus hábitos e conquistas.
Qualquer dia pessoas como eu não têm para onde se virar e pessoas como os nossos filhos não têm onde e o que viver. Apenas porque não há espaço para quem não se conforma com conteúdos falsos, moralismos hipócritas e com a sua própria ignorância em relação a quase tudo. Ao fim e ao cabo é a ignorância que pactua com a passividade e com o desequilíbrio mundial que nos permite continuar a olhar para o nosso umbigo achando que o fazemos para o nosso bem.
 
quarta-feira, dezembro 20, 2006
 
Billy Bragg - Waiting For The Great Leap Forward

Alguns anos depois...
 
terça-feira, dezembro 19, 2006
 
Billy Bragg - Waiting For The Great Leap Forward & interview



It may have been Camelot for Jack and Jacqueline
But on the Che Guevara highway filling up with gasoline
Fidel Castro's brother spies a rich lady who's crying
Over luxury's disappointment
So he walks over and he's trying
To sympathise with her but he thinks that he should warn her
That the Third World is just around the corner

In the Soviet Union a scientist is blinded
By the resumption of nuclear testing and he is reminded
That Dr Robert Oppenheimer's optimism fell
At the first hurdle

In the Cheese Pavilion and the only noise I hear
Is the sound of someone stacking chairs
And mopping up spilt beer
And someone asking questions and basking in the light
Of the fifteen fame filled minutes of the fanzine writer

Mixing Pop and Politics he asks me what the use is
I offer him embarrassment and my usual excuses
While looking down the corridor
Out to where the van is waiting
I'm looking for the Great Leap Forwards

Jumble sales are organised and pamphlets have been posted
Even after closing time there's still parties to be hosted
You can be active with the activists
Or sleep in with the sleepers
While you're waiting for the Great Leap Forwards

One leap forward, two leaps back
Will politics get me the sack?

here comes the future and you can't run from it
If you've got a blacklist I want to be on it

It's a mighty long way down rock 'n roll
From Top of the Pops to drawing the dole

If no one out there understands
Start your own revolution and cut out the middleman

In a perfect world we'd all sing in tune
But this is reality so give me some room

So join the struggle while you may
The Revolution is just a T-shirt away
Waiting for the Great Leap Forwards
 
sexta-feira, dezembro 15, 2006
  incontornável!
Dave Matthews Band - Say Goodbye

Say no more...
25 de Maio no Pavilhão Atlântico.
Vou! Como não? Há anos que espero impacientemente por ele. É uma verdadeira paixão. É admiração pura. É dar pulos de alegria até lá. É a melhor prenda de anos que me podem dar este ano.
Maravilha!
 
quinta-feira, dezembro 14, 2006
  inconformismo... sempre
Quando abro a boca, em várias situações, tenho a sensação de que a reação é invariavelmente de desconforto por parte de quem me rodeia. Do género: lá vem esta levantar problemas, ou: o que é que foi agora?
Isto acontece-me nas reuniões no café ao pequeno-almoço com os olhos postos no jornal, nas reuniões de pais e até nos jantares de família.
O que é que se pode fazer? Perante a falta de civismo e consciência democrática que prolifera neste país há quem não consiga ficar calado. Em relação ao ambiente, em relação ao reconhecimento da prostituição, do consumo de drogas, à despenalização do aborto ou ao casamento homossexual (já para não falar na fraca qualidade do ensino que nos servem nas escolas e a que sujeitam os nossos filhos). Questões que assim postas e alinhadinhas devem criar tanto ou mais desconforto que os meus discursos inconvenientes. Foi de propósito. Estou farta de hipócritas, egoístas, conformados, ignorantes e falsos beatos... quem quiser que perceba - aqui posso dizer o que me apetecer (não é que não o faça em quase todas as outras ocasiões...)
Continuarei a falar e continuarei a ser inconveniente enquanto tiver forças para tal e não me for retirado o direito a uma cidadania participativa. Sem vergonha, sem tabus e com a consciência de que neste país só se olha para os umbigos e se vive da imagem e do orgulho em se ser mártir ou super-mulher (até nesta merda os gajos conseguiram ser mais espertos que nós). Há quem queira ser feliz e ser feliz passa por não ser humilhado pelas suas opções e ser orientado nos seus problemas. Ninguém quer promover nada... apenas se quer que o que existe seja reconhecido e não alienado.
Vender o corpo para comer não é crime - ser espancado ou estar sujeito a doenças por violação dos seus direitos é.
Consumir drogas não é crime - morrer de overdose pela má qualidade do produto ou fazer dinheiro à custa do sofrimento dos outros é.
Abortar não é crime - enriquecer prestando um serviço clandestino de má qualidade e pondo em risco a vida dos seus doentes é.
Ter a pretensão de que se sabe mais sobre estes assuntos do que quem os vive diárimente ou pelo menos uma vez na vida é ridículo, por isso, o que dizer de quem acha que pode decidir em nome destes do cimo da confortável distância a que se encontra?
Numa sociedade em que ainda se luta para que os cidadãos apanhem a merda de cão dos passeios, tirem os automóveis dos passeios, deixem os carros em casa e andem de transportes públicos, reciclem, descansem, lutem pelos seus direitos, paguem os seus impostos, não bebam antes de conduzir etc, etc, etc é quase titânico enfrentar uma empreitada destas, mas este referendo (que não devia ter sido aprovado) tem de servir para confirmar algo que devia ter sido decidido e não questionado mais uma vez.
Divulguem as estatísticas, confrontem toda a comunidade com os números. Exaustivamente. A toda a hora. Mesmo que não mudem opiniões, digam aquilo que ninguém quer saber e obriguem as pessoas a pensar.
 
terça-feira, dezembro 12, 2006
 
Susana Baca
 
domingo, dezembro 10, 2006
  idas e voltas
Este ano comecei a ir 2 vezes por mês ao Algarve em trabalho. De cada vez passo 4 dias e por cada um se torna mais dificil voltar. Se não fossem os miudos e as escolas, as rotinas e os compromissos, ficaria muito mais tempo.
Como difícil (espero eu) é começar, sacrifiquei um pouco do descanso e comprometi-me a fazer a viagem com alguma regularidade - para não obrigar os miudos a uma mudança drástica e para eu própria perceber se me adapto a uma nova vida longe da restante família e dos satélites que nos habituámos a observar rondando a nossa casa. O pior é que estas mudanças trazem alguma instabilidade emocional e muitas dúvidas, muitas dúvidas... Dúvidas acerca do que será, acerca do que somos, acerca do que são os outros nas nossas vidas e acerca do que nos prende e do que na realidade nos faz falta. Talvez mesmo acerca da nossa realidade...
Quero há muito tempo poder dar este passo e desde que vim para Lisboa a minha relação com esta cidade é controversa: gosto de voltar, mas não gosto de cá viver. Esta oportunidade de poder aproximar-me daquilo que ambiciono no que diz respeito à minha relação com o meu habitat e com o ambiente em que quero educar e ver crescer os meus filhos é uma bóia de salvação - o que me está a acontecer é que já sou náufraga há tanto tempo que não sei se esta bóia não terá vindo tarde demais e se não me apetece ficar aqui a boiar e a observá-la enquanto se afasta.
A perspectiva de lá é outra... quando chego sinto-me em casa e quando parto vem a melancolia... da vida que sonho ter, dos dias que faltam para poder voltar, de quem deixa uma casa que ainda não tem e olha em redor para guardar memória do que é seu e prepara tudo para quando voltar. A inexistência dessas coisas angustia-me quando estou cá e alenta-me quando lá estou.
É tão difícil... também porque é solitário. Porque quando olho para o lado quem eu queria não vai fazer este caminho comigo, porque os meus projectos foram sempre só meus e porque aquela inevitável altura do caminho em que decido ir em frente está a aproximar-se e a perda assoma no horizonte.
Mais uma vez, não estarei só porque quem tem filhos nunca está só, mas a solidão volta... sempre teimosa, sempre caprichosa e sempre, mas mesmo sempre, inevitável.
 
Cronicas de uma nova colonia. Comentarios: aquinalua@gmail.com

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