aqui na lua
segunda-feira, maio 31, 2004
  O Tiago faz anos



3 dias depois de mim, o Tiago faz anos.
3 dias depois do Tiago, o Xano faz anos.

Interessante este triângulo...

Duas cabeças seguras e ansiosas.

Andamos a par e passo nas ideias partilhando alguns contextos. Tão perto... no tempo e no espaço. Tão parecidos que até chateia.

Conversas que duram uma vida.

 
  Rock in Rio Lisboa vs Super Bock Super Rock





Horas mal dormidas ao som das vibrações da tenda de uns, descanso dos guerreiros para outros. Está a passar-me ao lado este fenómeno. Daqui a 2o anos, quando todos perguntarem: "Estiveste no Rock in Rio?" eu vou dizer que "não, estive no Super Bock Super Rock". Vou ver:

Dia 11 de Junho
Palco Super Bock

Liars - 18h00
Hundred Reasons - 19h25
Pixies - 21h00
Lenny Kravitz - 23h05
Massive Attack - 01h10
Fatboy Slim - 03h00

Palco Quinta dos Portugueses
Loosers - 17h00
X-Wife - 17h30
André Indiana - 18h55
Wraygunn - 20h30
Pluto - 22h35
Clã - 00h40






 
domingo, maio 30, 2004
  Fim de semana
Sem fazer nada...

Praia, amigos, boa comida, cama e campo. Travões a fundo na rotina e nas responsabilidades.

Abrir as janelas à vida e deixá-la invadir os espaços escuros e sombrios de tão fechados. Respirar o mar, sentir o vento e o sol, ouvir as árvores e os pássaros, enterrar os pés na areia, ler um livro, dar um abraço e um beijo.

 
quinta-feira, maio 27, 2004
  Benvinda Margarida
Há letras e poemas que fazem parte do meu imaginário desde que me lembro de mim. São parte de quem sou. Representam um filtro involuntário e, na maior parte das vezes, inconsciente da realidade.

Fazem-me lembrar a minha avó Benvinda, mulher complexa e emancipada, caprichosa e revolucionária à sua medida. Separou-se do meu avô aos 40 e veio viver para Lisboa para ficar perto dos filhos, presos por questões políticas que ela se esforçou por compreender.

Chamava-se Benvinda Margarida. Contou-me tantas vezes que no dia do seu baptizado o padrinho, atrasado, quando chegou à Igreja gritou: "Ora seja Benvinda a Margarida!... Pois vai ser esse mesmo o seu nome!"

Sózinha, anos mais tarde, na sua casa em Benfica, a minha avó coleccionava recordações que trazia das inúmeras viagens, livros e discos, todos armazenados aleatóriamente num plano temporal sem fio onde tudo se misturava. Perdeu a medida do tempo e revivia sofrimentos a alegrias passadas como se pela primeira vez os sentisse.

Nas tardes que lá passei, em que ela se esforçava por ser a avó que já ninguém esperava que ela fosse, partilhava comigo alguns desses discos e memórias. De entre todos, há um poema que ainda hoje me faz pensar nela:

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia

A minha avó morreu há um ano.
 
quarta-feira, maio 26, 2004
  Geraldo Azevedo - Sabor colorido
Tom: Dm
Dedilhado: 0 1 2 1 3 1 2 1 para Dm, C/E e F
0 1 2 3 para Bb e F

Dm Bb C F C/E
Mel... eu quero mel
Dm
Quero mel de toda flor
Bb C F
Da rosa, rosa, rosa amarela encarnada
C/E Dm Bb
Branca como cravo, lírio e jasmim
C F C/E
Eu quero mel pra mim
Dm Bb C F C/E
Mel... você quer mel?
Dm
Quero mel de toda flor
Bb C F C/E
Da margarida sempre viva, viva
Dm
Gira, gira, girassol
Bb C F C/E
Se te dou mel pode pintar perigo
Dm
E logo aqui, no meu quintal
Bb C F C/E
Cuidado, pode pintar formiga, viu?
Dm Bb C F C/E
Mel... eu quero mel
Dm
Quero mel de toda flor
Bb C F C/E Dm
Colorido sabor... do mel de toda flor
Bb C F C/E
Antes que um passarinho aventureiro
Dm
Que beija um beijo, doce sabor
Bb C F C/E
Sabor colorido
Dm Bb C F C/E
Mel... eu quero mel
Dm
Quero mel de toda flor
Bb C F
Da assussena, violeta, flor de lís
C/E
Flor de lótus, flor de cactos
Dm
Flor do pé de buriti
Bb C F
Dália, papoula, crisântemo
C/E Dm
Sonho maneiro, sereno, fulô do mandacaru
Bb C F
Fulô do marmeleiro, fulô de catingueira
C/E Dm
Fulô de laranjeira, fulô de jatobá
Bb C F
Das imburanas, baraúnas, pé de cana
C/E Dm
Xique-xique, mel da cana, cana do canavial
Bb C F C/E
Vem me dar um mel que eu quero me lambuzar
Dm Bb C F C/E
Mel... eu quero mel
Dm
Quero mel de toda flor
Bb C F C/E
Antes que um passarinho aventureiro
Dm
Que beija um beijo, doce sabor
Bb C F C/E
Sabor colorido
Dm
Mel
 
  O 28 de Maio acabou a 25 de Abril
O 28 de Maio acabou a 25 de Abril

O 28 de Maio morre a 25 de Abril, a quase meio século de prazo. Efectivamente, o regime chefiado pelo prof. Marcello Caetano não era mais da que o herdeiro, sem alterações de rumo essenciais, da do prof. Salazar, que, por sua vez, tomara o Poder das mãos do General Gomes da Costa, em condições ainda não suficientemente esclarecidas pela «história oficial».

Todavia, estes quarenta e oito anos (menos um mês e três dias) de regime não decorreram na tranquilidade que sempre se fez crer e que levava os portugueses a comprarem a Imprensa estrangeira para tomar conhecimento do acontecido mesmo ao virar da esquina.

Anotem-se os principais acontecimentos destes quarenta e oito anos.

1926 - O Movimento de 28 de Maio depõe o Governo de António Maria da Silva e o almirante Mendes Cabeçadas assume o Poder. Salazar é nomeado ministro das Finanças. Novo golpe militar do próprio Gomes da Costa destituiu Cabeçadas e Salazar regressa a Coimbra.

1927- Sinel de Cordes apresenta as contas públicas com um «deficit» de mais de 600 mil contos. O Governo pede avultado empréstimo à Sociedade das Nações, mas, recusando a fiscalização daquele organismo oficial quanto à sua aplicação, o contrato não chega a realizar-se.

1928 - Perante a difícil situação financeira, o prof. Salazar regressa novamente a São Bento para sobraçar a pasta das Finanças, sendo já Presidente da República o general Óscar Fragoso Carmona.

1930 - Publicação do Acto Colonial, que altera substancialmente as relações entre a Metrópole e as possessões de África. A 26 de Agosto: Revolução armada, com a participação de Botelho Moniz, que provoca numerosas vítimas.

1931 - Revolta da Madeira. É criada a União Nacional, que se manterá como partido único até aos nossos dias, apesar da mudança de designação para Acção Nacional Popular.

1932 - Salazar passa a exercer as funções de Chefe do Governo.

1933 - Aprovada, por plebiscito, a nova Constituição Política e Administrativa da Nação, que integra o Acto Colonial.

1935 - Eleição de Carmona para a presidência da República. Fracassa um movimento militar contra o regime.

1936 - Revolta de marinheiros em dois navios surtos no Tejo, que é dominada por forças afectas ao Governo.

1937 - Atentado dinamitista contra Salazar, a 4 de Julho. O primeiro ministro escapa ileso, sendo presos e condenados os autores da tentativa: José Horta, Manuel Francisco Pinhal, Alfredo Assunção Elói, António Pires da Silva, Jacinto Estêvão de Carvalho, Francisco Damião e outros.

1938 - Criada a Legião e a Mocidade Portuguesa.

1946 – Fracassa a revolta militar da Mealhada (que veio do Porto até aquela vila) sob o comando do capitão Queiroga.

1947 - Forças fiéis ao Governo neutralizam uma conspiração de republicanos-liberais e dissidentes do 28 de Maio.

1948 - Primeiras eleições presidenciais com a presença da oposição (o general Norton de Matos), que desiste à boca das urnas.

1951 - Morte de Carmona e novas eleições presidenciais (Oposição Rui Luís Gomes e almirante Quintão Meireles). O primeiro é considerado inelegível e o segundo desiste.

1958 - Candidaturas, contra o almirante Thomaz do dr. Arlindo Vicente e do general Humberto Delgado. Só Delgado iria até às urnas, conquistando «oficialmente» 23 por cento dos votos. O bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, é forçado a exilar-se no estrangeiro devido às posições tomadas durante as eleições. Só regressará após a subida, ao Poder, de Marcello Caetano.

1958 - Perante o resultado das eleições anteriores, é substancialmente modificado o processo de eleição do Chefe do Estado, que passa do directo para o indirecto.

11 de Março - Tentativa revolucionária, denominada «da Sé», dirigida pelo tenente-coronel Pastor Fernandes e o católico Manuel Serra.

1961- Henrique Galvão desvia o «Santa Maria» e Palma Inácio apossa-se de um avião da TAP, que faz sobrevoar Lisboa e o Sul do País.

A União Indiana anexa Goa, Damão e Diu. É destruído o forte de S. João Baptista de Ajudá. Inicia-se em Angola a luta de guerrilhas.

1962 - A 1 de Janeiro o general Humberto Delgado (sob disfarce), o capitão Varela Gomes e, entre outros, o dirigente católico Manuel Serra atacam o quartel de Beja.

Durante o operação morre em circunstâncias não muito bem esclarecidas, o subsecretário do Exército, tenente-coronel Jaime da Fonseca.

O quartel não chega a ser ocupado e a revolução aborta. Iniciam-se os movimentos universitários, que duram mais de 6 meses. Movimentos grevistas um pouco por todo o País, em especial na margem Sul do Tejo.

Na Guiné, o P.A.I.G.C. dá início aos seus primeiros atentados.

1964 - Também em Moçambique se iniciam movimentos guerrilheiros.

1965 - Dissolvida a Sociedade Portuguesa de Escritores. Reeleito, por colégio, o almirante Tomás.

Aparece morto, assassinado, cerca de Badajoz, ainda em território espanhol, o general Humberto Delgado.

1967 - Elementos da L.U.A.R., chefiados por Palma Inácio, assaltam a delegação da Figueira da Foz do Banco de Portugal, de onde levaram 30 000 contos, abrindo um precedente que se multiplicaria até ao dia de hoje.

1968 - Greve dos funcionários da Carris. O dirigente socialista Mário Soares é deportado para a ilha de S. Tomé.

A 7 de Setembro, Salazar é internado após uma queda. No dia 26 anuncia-se a sua exoneração, sendo substituído pelo prof. Marcello Caetano.

1973 - Dezembro - Tentativa de golpe de Estado, por parte da extrema-direita, aproveitando a ausência de Marcello Caetano no enterro de Carrero Blanco, o primeiro-ministro espanhol assassinado dias antes.

1974 - Fevereiro – Publicação do livro «Portugal e o Futuro» do general António de Spínola, que provoca vivas reacções.

Março, 15 - Numerosos generais manifestam a Marcello Caetano o apoio das Forças Armadas.

Março, 16 - Um grupo militar parte das Caldas da Rainha para nova intentona. Falhando apoios que aguardavam, os militares revoltados são detidos à entrada de Lisboa e regressam às Caldas, onde acabarão por se render.

Lisboa · Sexta-Feira, 26 de Abril de 1974

Fonte: http://www.instituto-camoes.pt/bases/25abril/28mai25abr.htm
 
  gémeos
Este mês faço anos. Quer dizer, completo mais um ano. Não se podem fazer anos em meses, pois não?

Bom... não me apetece fazer balanços nem retrospectivas, mas há momentos que por mais que lhes fuja me regressam da memória ao pensamento:

- Natal - pelas dificuldades em manter a compostura pela primeira vez em estado sóbrio.
- Passagem de ano - pela concretização de um desejo reprimido há anos.
- S. Rafael - pela maravilhosa sensação de dever cumprido e pela excepcionalidade dos companheiros de trabalho.
- Domingo passado - O motor do meu carro morreu em antecipação ao meu. Como um sinal.

Mais um 28 de Maio, mais uma primavera e mais uma reviravolta. Se há coisa que a minha vida não é, é monótona. Disseram-me no outro dia uma coisa engraçada: os gémeos não têm, como se costuma dizer, dupla personalidade. Têm sim uma incapacidade enorme para tomar decisões o que os torna contraditórios. A afirmação que nos define é: "Eu duvido". E será que é por tanto duvidar que nunca consigo levar nada para além do fim? Ou será que, por questionar tanto, antecipo o fim das coisas? Será que existe de facto um fim, ou apenas uma transformação? Mas as transformações implicam o fim de algo e as perdas são evidentes. No meu caso existe um fim incontornável, talvez por não saber como continuar com algo quando não quero que a inevitabilidade regular me atinja, mais uma vez, acabando com aquilo que desejo.

Como se passa para além do fim?

Como fazem aqueles que conseguem construir e reconstruir em cima do mesmo pilar, crescendo e alicerçando uma estrutura?




 
terça-feira, maio 25, 2004
  Mas que coisa tão fina!
Fui de férias para outro sistema. A estrela não se chama Sol e cada planeta tem muitas luas. Parecem pequenos condomínios fechados suspensos no vácuo, climatizados e artificialmente iluminados. Todas estas artificialidades confundem-me o organismo e reflectem-se em crises alérgicas estridentes e espalhafatosas que incomodam bastante as famílias numerosas e casais surumbáticos que vagueiam pelos lagos artificiais deste mundo moderno. Por isso estava cheia de vontade de voltar à minha pequena colónia onde tenho de andar durante a noite para ter direito ao escuro e consequentes horas de descanso.
Mas... surpresa! Parece que o progresso chegou aqui também. As cores são (obviamente) azul e laranja, para não desenjoar, salpicadas de um apropriado cor-de-rosa que muda de tonalidade quando mexo a cabeça. Muito moderno.

Bom, como estas coisas não me dizem muito e já percebi o esquema de funcionamento do site e do registo, pelo menos na parte que me interessa, vou tentar recuperar o meu estilo de vida que aos farrapos vou vendo espalhado pelas crateras violadas da minha lua.

Eu não sou uma pessoa conservadora. Quer dizer... não me considero uma pessoa conservadora, mas não me lixem pá... uma estruturazinha, uma casinha para voltar, umas meias espalhadas e uma porta que de vez em quando não abre fazem parte do sonho acabado de qualquer pessoa. Sinto-me como aquelas pessoas que viviam numa favela e a quem foi dada uma casa nova: "As moscas são as mesmas, a merda é que mudou" e o espaço é tão limpo, tão limpo que o que está sujo parece tão mais sujo.

A Primavera continua hesitante...
 
Cronicas de uma nova colonia. Comentarios: aquinalua@gmail.com

Nome:
Localização: Lisboa, Portugal
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