não esperava encontrar este vídeo no youtube mas são estas surpresas que me fazem lembrar que ainda há muita malta por aí... mesmo que a vida correndo nos afaste para outros lugares.
podia... mas não é.
Isto anda de tal maneira que para falar só mesmo com humor. O problema é que há alturas mais abençoadas que outras e neste momento há um défice de boa disposição galhofeira para estes lados. Este tempo intermitente de "ora faz chuva, ora faz sol" não ajuda muito e o sabor amargo de fim de Verão traz a memória dos dias curtos e escuros que passaram e passarão, mais uma vez. Por um lado, para quem não tem sistema de rega automática instalado na varanda, dá um novo ânimo à vida vegetal que do alto de um segundo andar (como é o meu caso) tentamos manter como uma amarra presa ao cunho dos tempos em que a natureza era parte indispensável da nossa vida. Por outro faz-nos andar a correr e metidos em casa olhando este choro miudinho calando o nosso que com a escuridão teima em debruçar-se nas janelas do olhar. O Verão passou demasiado depressa este ano e pelo caminho ficaram quase todos os projectos de férias. Desta vez o caminho foi feito de improviso, ao sabor dos amigos, do sol e da música. Com a espectativa do desastre da Boca do Rio fui em busca das outras paragens da minha infância e redescobri o Zavial e Cabanas Velhas, praias que, fechando os olhos aos monstros arquitetónicos periféricos, nos deram os melhores dias deste Verão. O banho de 29 brindou-nos com uma lua maravilhosa e um mar quente onde apetecia ficar. Pela primeira vez os miudos foram todos ao banho connosco e aqueceram-se também junto da fogueira.
Em Lisboa tudo está a mudar... devagarinho. Pressinto uma cambalhota para breve mas, lá está, falta-me o humor sarcástico para poder exprimir justamente a suspeita. No meio das pilhas de jornais, das horas a ouvir a rádio no carro e a ver telejornais sinto-me a submergir numa impaciência que está para lá de revolta, para lá de impotência, para lá de indignação... é apenas uma agonia, um vómito inacabado, "uma vontade de chorar". Que tristeza que situação, que tristeza de cidadania, que tristeza de apatia! Somos um povo miserabilista que não tem qualquer tipo de ambição no que toca a respeito pelos direitos humanos e a dignidade social. Que vergonha sinto de vez em quando... pela ignorância, pela opção clara de não querer saber mas, principalmente, por acharmos sempre que existe alguém a resolver todos os problemas e alienarmos permanentemente qualquer responsabilidade que possamos ter sobre esta triste realidade.