Sufocar o Amor
É algo que se sufoque?
Este sentimento que vem do corpo todo, que é um estremecimento, um arrepio... que nos impede de respirar. Este nó que aperta sem doer, que nos tira a força e paraliza.
Encontrar a alma gémea e virar-lhe as costas... anti-natureza, anti-tudo. Descobrir que esteve sempre ao nosso lado enquanto divagávamos pela vida desencontrados. Fechar os olhos e continuar a ver a imagem que faz parte de nós e que nos complementa.
Somos uma pessoa melhor porque o outro existe.
Mas a nossa vida é feita de desencontros e, porque sempre assim foi, este é mais um.
Pensar como seria se tudo o resto não existisse...
Seríamos nós e não eu e tu.
Seríamos crianças.
Os adolescentes que já não somos.
Os melhores amigos que sempre fomos.
Os amantes descomplexados (é tão bom, não é?).
O silêncio apaziguador.
As paisagens partilhadas.
As noites e os amigos.
Os passeios e as conversas.
Já nada sabe ao mesmo agora que sabemos... partilhar estas coisas sabendo que poderíamos ter sido homem e mulher é um sentimento incompleto. Todo o meu corpo se recorda de ti. Esta boca, este pescoço, estes seios que são teus e onde o teu toque persiste, permanente.
Agora tenho medo de te perder no caminho que sempre fizemos juntos, lado a lado, construindo as nossas vidas. Vendo os filhos nascer e crescer, os homens e as mulheres a chegarem e a ir embora... Agora tudo faz sentido: quem poderia ficar se o destino era nosso? Porque o negámos? Faço um esforço diário para não gritar por ti mas às vezes o silêncio é ensurdecedor e sei que o ouves... não ouves?
A impossibilidade dói tanto que, por mais que a chore, não se esvai.
Fica para sempre, nunca me digas Adeus.