aqui na lua
segunda-feira, agosto 02, 2004
  Quero sair
Às vezes canso-me de escrever sobre Lisboa. Podia escrever sobre o Meco. Ou a Lagoa de Albufeira onde tenho passado bastante tempo ultimamente para ter a companhia dos amigos que andam entusiasmados em andar pendurados numa asa com uma prancha nos pés. É bom porque consigo avançar bastante nas leitura de Verão, mas muito mau porque está cheio de grandes famílias e as águas paradas não me chamam para grandes banhos. E eu gosto de banhos de mar.

Mas Agosto chegou e quando Agosto chega Lisboa fica mais bonita! E é, por isso, impossível lembrar-me de mais alguma coisa para escrever que não as esplanadas vazias, as ruas sem trânsito, o Bairro Alto cheio de estrangeiros, a minha rua onde não faltam lugares para estacionar e o meu prédio onde só na minha casa as luzes se acendem pela noite. Quase consigo derreter com o calor, mas saber que a minha cidade está tranquila deixa-me tranquila também.

Estou, agora, a maior parte do tempo com as costas voltadas para ela. O nosso namoro está a chegar ao fim e anseio por uma relação mais livre onde os grandes amigos são, por fim, apenas amantes efémeros. Relações feitas de encontros pontuais onde a saudade e o prazer ficam maiores, ateados pela ausência e por saber que amanhã não estará ninguém ao nosso lado quando a noite vier novamente, de mansinho.

Este, antes arrufo e agora desgaste, é fruto do cansaço de te olhar e te ver cada vez mais destruída, descaracterizada. De sentir a rotina pesar-me nos ombros enquanto subo e desço as tuas colinas.
De olhar-te pela porta mais bonita quando custa voltar de viagem... ou de um oásis da vida.

Sinto-me a perder-te e a perder-me nos caminhos que faço para fugir de ti, às vezes às cegas, apalpando terreno, tentando não ter que voltar para trás com a perspectiva de que será para sempre. Mas na minha vida não há "para sempres" e a despedida aproxima-se.

Ir-me-ei embora assim que for possível e voltarei apenas para rever quem ficou, ver o que fazem, como passam os meus. Olhar-te novamente bonita e subir e descer as tuas colinas em busca de referências antigas como fazem os velhos. E encontrar-te imutável como, neste momento, não consigo ver-te.
 
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