aqui na lua
quinta-feira, março 23, 2006
  Encontros
Chove torrencialmente em Lisboa e o vento fustiga-me as janelas que já de si não são grande coisa. Nestas altura apetece-me sempre render-me ao milagre do alumínio e deixar-me de tretas fundamentalistas em relação à arquitectura original do bairro... Enfim... amanhã fará um Sol radioso e poderei novamente dedicar-me aos princípios, infelizmente abaláveis, por que me rejo.
Esta semana tive 4 diazitos de férias. Aproveitei para ver alguns filmes, para fazer a festa de anos adiada por tantas vezes do meu filhote do meio e para ajudar a mais velha a fazer um trabalho sobre teatro. Não é fácil conjugar todas as necessidades: minhas, deles, financeiras, domésticas, etc.
Na segunda feira conheci pela primeira vez uma mulher com uma história idêntica à minha e é incrível a empatia que se gerou mesmo antes de nos apercebermos da coincidência... Uma vez escrevi sobre o orgulho que sinto em mim e na minha vida e, sem qualquer modéstia, reafirmo-o aqui, depois de o ter reconhecido em outrém. Foi como confirmar que, apesar de toda a estúpida culpa, dos erros frequentes e da falta de rotina e métodos, as nossas vidas são preenchidas por conquistas conscientes, sofridas e felizes simultaneamente. Aquilo que aos outros parece difícil grande parte das vezes para nós representa apenas um dos obstáculos incontornáveis sobre os quais nem reflectimos a maior parte das vezes. Como quem sabe que nunca vai saber cantar e por isso não sonha em ser vocalista de uma banda. Aquilo que é verdadeiramente difícil é conseguir estar satisfeito com os resultados e não nos consumirmos com esses obstáculos. É por isso que nas nossas cabeças há um chip que liga e desliga automáticamente e que selecciona as prioridades por nós quando a atitude é meramente operacional. É um chip estranho... há quem lhe chame intuição, ou sexto sentido, exclusivo das mulheres... mas concerteza não de todas! Como diria uma das minhas sogras: "Deus não te dará um fardo maior do que aquele que consegues carregar". Frase que, mesmo para uma céptica como eu, acaba por fazer sentido considerando a actual situação. Talvez seja esse chip que me faz não gostar de perder tempo com conversas e merdas superficiais do socialmente correcto e me transforma numa pessoa pouco selectiva no que diz respeito a status. Gosto de encontrar e conhecer pessoas e de falar com elas não mais do que o essencial e apenas até deixar de ter alguma coisa para lhes dizer.
Mas esta mulher foi diferente... havia uma necessidade qualquer... uma urgência. Como se a hora e o lugar fossem aqueles e não mais se fossem repetir. E foi recíproco. Para mim era talvez mais urgente porque tive de esperar menos tempo pelo encontro... apenas trinta anos! Para ela a espera foi mais prolongada... um pouco mais de quarenta anos. Mas como acredito que as coisas não acontecem por acaso dei toda a minha atenção a este encontro e ao que poderia representar. Até agora foi apenas um encontro mas fez-me sentir parte de alguma coisa e reconhecer um olhar, uma expressão, uma atitude, todas reflectidas e projectadas à minha frente com emoções independentes e reacções alheias. Somos diferentes mas, como dissemos quase em simultâneo: "Só nós é que sabemos...".


É verdade! Vale a pena ver o "Ela odeia-me" do Spike Lee.
 
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