beatos...
Hoje regressei de Madrid.
A minha mãe foi buscar-me ao aeroporto e de seguida fui almoçar com o meu pai.
Apesar da internet me possibilitar manter a par do que se tem dito pedi-lhe que me desse todas as novidades acerca da campanha e do referendo.
A propósito da campanha de quem se opõe à despenalização e de afirmações que têm sido feitas pelos ditos lembrei-me da famosa e indescritível (tão que não consigo reconstituir a maior parte das barbaridades) entrevista ao João César das Neves publicada no jornal Independente há uns anos.
O meu pai lembrou-se de um episódio ocorrido na Assembleia da República durante o debate sobre a legalização da interrupção voluntária da gravidez que teve como protagonista uma mulher inesquecível há quase 25 anos atrás.
Quando cheguei a casa fiz uma pesquisa na internet pelo poema, encontrei-o neste
blog e fiz a sua transcrição para aqui:
"«O acto sexual é para ter filhos» - disse, com toda a boçalidade, o deputado do CDS (João Morgado) no debate anteontem sobre legalização do aborto. A resposta em poema, que ontem fez rir todas as bancadas parlamentares, veio de Natália Correia.
Aqui fica:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o orgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
Natália Correiain Diário de Lisboa, 5 de Abril de 1982"